Ao voltar do Rio de Janeiro, me dediquei a pesquisar nos arquivos e bibliotecas públicas das cidades do Vale do Paraíba, principalmente naquelas que tinha indícios da passagem do Imperador ou de sua filha, a Princesa Isabel. Comecei por Taubaté, por ser a cidade onde estudo e trabalho e também por conhecer o “caminho das pedras”.
Meu primeiro passo se deu na Biblioteca da UNITAU e na Biblioteca Municipal, onde selecionei uma lista de cerca de 15 livros contendo relatos da história da cidade e de vultos nobres do passado. Na lista abaixo, vocês podem observar alguns dos livros que mais trouxeram informações valiosas sobre as passagens de d. Pedro II e da Princesa Isabel por Taubaté. São livros de vários tipos, desde obras de historiadores renomados e que procuraram dar um caráter científico à pesquisa originária do livro, até obras de escritores, políticos e simplesmente amantes da cidade natal, que desejavam relatar o que ouviram de “história” de Taubaté ao longo de suas vidas. Tudo foi válido na hora de compor o panorama de atuação da minha pesquisa. Mais válido ainda, foram as fontes documentais indicadas pelos autores, que facilitou meu caminho dentro do Arquivo Municipal de Taubaté.
- ABREU, Maria Morgado de. Taubaté, de Centro Irradiador de Bandeirismo a Centro Industrial e Universitário do Vale do Paraíba. Aparecida, Ed. Santuário, 1985. Pg. 60.
- MARTINS, Gilberto. Taubaté nos seus Primeiros Tempos. Taubaté, Empr. Gráf. Edit. Taubaté Ltda., 1973.
- ORTIZ, José Bernardo. São Francisco das Chagas de Taubaté. São Paulo, Imprensa Oficial do Estado, 1996.
- TOLEDO, Francisco de Paula. História do Município de Taubaté. 2ª edição anotada. Taubaté: Prefeitura Municipal, 1976. Pg. 63
- GUISARD, Oswaldo Barbosa. Taubaté no aflorar do século. Taubaté, edição do autor, 1974
- GUISARD FILHO, Felix. Convento de Santa Clara, achegas à história de Taubaté. São Paulo, Athena Editora, 1938. Pg. 79 e 80.
- BERINGHS, Emilio Amadei. Conversando com a saudade: crônicas. São Paulo, Bisordi, 1971.
- MELLO JR., Antonio. Hospital Santa Izabel. Taubaté, Egetal, 1976.
Com a pesquisa que já tinha feito na Internet e com os dados que encontrei nos diversos livros que pesquisei, pude delimitar minha pesquisa documental, pelo menos no que tange a datas. Aliás, a Internet foi fundamental para dar o ponta-pé inicial à minha pesquisa. É óbvio que há muita informação incompleta e errada, mas o que já está publicado na rede ajuda a dar um norte para o pesquisador. Utilizar a Internet como ferramenta de pesquisa é imprescindível e poupa muito tempo do historiador.
1846, 1868, 1878, 1884 e 1886 eram os anos que tinha encontrado informações de possíveis visitas do monarca em solo taubateano. A partir daí, fui ao CDPH (Centro de Pesquisa e Documentação Histórica) e ao Arquivo Municipal pesquisar principalmente nos jornais da época e nas atas da Câmara municipal. No CDPH, pude pesquisar as atas da Câmara e delimitar ainda mais as datas em que o Imperador esteve na cidade. Com essas informações fui ao Arquivo Municipal pesquisar principalmente nos jornais da época. Tenho a obrigação de agradecer a d. Lia Carolina, coordenadora do Arquivo de Taubaté e a Amanda, que também trabalha lá, pela fundamental ajuda que me deram na minha pesquisa documental. Encontrei relatos publicados em jornais de outras épocas e mais livros que citavam a passagem do Imperador por Taubaté graças à ajuda delas. Isso sem contar a educação e paciência que as duas me atenderam durante as minhas três visitas ao Arquivo.
A pesquisa foi árdua no começo. Não estava encontrando muitas informações nos jornais. Muitos jornais se perderam no tempo e as edições que relataram tão ilustre visita não chegaram até nossos dias. Porém, com o avanço da pesquisa, comecei a encontrar informações valiosíssimas. Uma informação levava a outra e com isso fui montando o meu quebra-cabeça. As datas foram se confirmando e eu fui enriquecendo as descrições das visitas de d. Pedro II e de sua filha a Taubaté.
Em 1846, o Imperador não passou por Taubaté, mas uma comissão de cidadãos da cidade foi até São Paulo encontrar com o monarca e lhe pedir para que implantasse um Liceu de Artes e Ofícios no atual Convento Santa Clara. Anos depois, o Liceu estava em pleno funcionamento. Descobri também um erro na história de Taubaté. Muitos livros que li, inclusive de historiadores consagrados na cidade, citavam 1876 como a primeira visita de d. Pedro II à cidade. Tanto nas atas da Câmara, como nos jornais não há qualquer menção a visita do monarca nesta data. Pelo contrário, essa primeira visita deu-se em 1878, dois anos após. Creio que todos esses historiadores se basearam em um artigo do Felix Guisard Filho, publicado num jornal de 1945, onde ele cita essa visita, mas com a data errada. Faltou a esses historiadores aprofundar a pesquisa nos documentos da época.
Há muitos outros relatos e descrições das visitas que d. Pedro II fez a Taubaté (1878 e 1886) e também as que a Princesa Isabel fez (1868 e 1884). Eles visitaram as igrejas, hospitais, conventos e até a cadeia da cidade. Esticaram a viagem até Tremembé e Caçapava. E sempre se hospedaram na casa daquele que era o homem mais poderoso da cidade: o barão e depois Visconde de Tremembé, avô de Monteiro Lobato.
Gostei do que encontrei sobre Taubaté, tanto nos documentos do Arquivo Municipal e no CDPH, quanto nos livros sobre a história da cidade. Obviamente que gostaria de ter encontrado mais informação, mas o que coletei já daria uma boa história.